quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

AS OBRIGAÇÕES DO CRENTE (Romanos 13)


Por: Marcos Tuler

Neste capítulo, o apóstolo Paulo trata de três tópicos importantes sobre as responsabilidades do crente: para com as autoridades civis; para com o próximo e para com sua vida pessoal.

I. Deveres para com as autoridades civis (vv.1-7).

1-Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
2- De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.
3-Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer à autoridade? Faze o bem e terá louvor dela,
4-visto que a autoridade é ministro de Deus para o teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.
5-É necessário que lhes estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência.
6-Por esse motivo também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço.
7-Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.

1. Situação histórica e os objetivos de Paulo.

Quando Paulo escreveu esta carta aos Romanos, o clima político-social ainda era favorável à igreja. Não havia grandes perseguições por parte das autoridades romanas.
Os cristãos acreditavam que, por serem cidadãos de “outro mundo”, não precisamos obedecer às autoridades constituídas.

Paulo escreveu esta seção visando o ambiente sociopolítico das igrejas que se reunião em casas romanas. Ele tinha plena consciência das realidades sociais e políticas que confrontavam os cristãos em Roma. Paulo queria evitar a anarquia e, conseqüentemente, uma perseguição desnecessária.

Paulo não pretendia apresentar uma teoria geral de relacionamento Igreja-Estado. Sua intenção era mostrar que , assim como Deus ordenou toda a criação, devemos manter em ordem a comunidade social e política.

2. Por que devemos nos sujeitar às autoridades constituídas?

a) Por amor ao Senhor: “Sujeitai-vos", pois, toda ordenação humana por amor do Senhor” (1 Pe 2.13).

“Observa o mandamento do rei, e isso em consideração ao juramento que fizeste a Deus” (Ec 8.2).

b) Porque essa é a vontade soberana de Deus. “Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos; como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei” (1 Pe 13.15-17).

c) Porque foram constituídas por Deus; são ministros de Deus: “Toda a pessoa esteja sujeita às autoridades superiores, pois não há autoridade que não venha de Deus. As autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1).

O apóstolo partiu do partiu do pressuposto de que os governantes trabalham para o bem comum das pessoas (v.4)

“Vem de Deus... são ordenados por Deus” (v.1); “É ministro de Deus para o teu bem” (VV.4,6).

É Deus quem designa a liderança humana:

“é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes” (Dn 2.21).

(Aqui não há lugar para subversão, anarquia, participação do crente em movimentos grevistas, tumultos etc. – O crente não deve se aproveitar da liberdade que tem em Cristo, para insurgir-se contra o Governo.

Veja o que Jeremias escreveu para os cativos de Babilônia:

“Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz” (Jr 29.7).

d) Por causa da nossa consciência: “É necessário que lhes estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência” (Rm 13.5).

Há duas razões para obedecer: por temor do castigo e por motivo de consciência.

[bom senso – É a sensibilidade da pessoa à imagem pública do seu ego – o que as pessoas vão dizer?]

A motivação cristã à obediência ao governo, não está no medo suscitado pela penalidade à infração cometida, mas pela aceitação interna e convicta de que se trata do cuprimento da vontade de Deus.

e) Para vivermos uma vida tranqüila: “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda a piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus” (1 Tm 2.1,2).

3. Devemos nos sujeitar às autoridades em quaisquer circunstâncias?

Como podemos aplicar esta passagem aos crentes que sofrem sob regimes políticos repressivos?

Deveriam os crente da Alemanha, na segunda guerra, submeterem-se ao Terceiro Reich? [Livro: A cruz de Hitle]

O mandamento não implica obediência cega, mas consciente e à luz da fé cristã.

Trata-se de sujeição com coerência. “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus” (At 4.19).

Deus instituiu e ordenou os governos para garantir a ordem e a justiça na sociedade, por isso o crente deve submeter-se a eles.

Todavia, se tais governos deixarem de exercer a sua devida função, e passarem a agir no sentido contrário a Palavra de Deus, o cristão deverá obedecer a Deus, e não mais aos homens.

II. Deveres par a com o próximo (vv.8-14).

8-A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis um aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido toda a lei.
9-Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo com a ti mesmo.
10-O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.

1. Amar o próximo.

O mandamento do amor suplanta todos os 613 mandamentos da Torá.
“Quem ama uns aos outros cumpriu a lei” Toda a lei se resume numa só frase: Amarás o teu próximo com a ti mesmo (v.9)

a) Quem é o próximo? Para os judeus eram os parentes. No Antigo Testamento o amor era interpretado como algo que só podia acontecer entre pessoas da raça judaica.
“Ouviste o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo, eu porém, vos digo: amai os vossos inimigos...”

Esta mesma pergunta foi feita por um doutor da lei: Quem é o meu próximo? (Lc 10.29). Jesus o respondeu com a parábola do samaritano. Fez com que ele refletisse sobre a história e respondesse sua própria indagação.
Qual, pois, desses três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

b) De que forma devemos amar o próximo?

Como a nós mesmos.

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.30).

Com amor ágape, divino, sacrificial.

“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós...” (Jo 15.34).
“Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. E nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1 Jo 3.16).

“Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão” (1 Jo 4.20,21).

III. Deveres para com sua vida pessoal (vv.11-14).

Paulo apresenta uma lista de ações que compõe um estilo de vida desaprovado por Deus.



b) Devemos pagar tributos e impostos às autotridades.
“Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo” (...) “dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto...” (Rm 13.6,7).

Jesus ordenou: “Dai, pois, a César o que é de César” (Mt 22.21).
c) Devemos honrar as autoridades.
“...a quem honra, honra” (v.7). “Honrai a todos” (...) “Honrai o rei” (1 Pe 2.17).

Postado por Pastor Marcos Tuler - Twitter.com/MarcosTuler às 09:58

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PREGAÇÃO E PREGADORES PENTECOSTAIS.


Pregação e pregadores pentecostais? Do que estamos falando? De algum tipo ou classe especial de pregação e pregadores? Não. Pregação e pregadores pentecostais se fundamentam no perfil bíblico da pregação e do pregador da palavra de Deus. Observemos algumas características da pregação e dos pregadores genuinamente pentecostais:

PREGAÇÃO PENTECOSTAL É AQUELA FUNDAMENTADA NA BÍBLIA SAGRADA

Na primeira pregação após o derramamento do Espírito Santo em Pentecostes (At 2.1-4), o apóstolo Pedro fundamentou a sua mensagem nas Escrituras do Antigo Testamento, citando o profeta Joel:

"Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo esta a terceira hora do dia. Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." (At 2.14-21)

Pedro citou também os Salmos:

"Porque a respeito dele diz Davi: Diante de mim via sempre o Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja abalado. Por isso, se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; além disto, também a minha própria carne repousará em esperança, porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, encher-me-ás de alegria na tua presença." (At 2.25-28)

"Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés." (At 2.34-35)

Estêvão, discorrendo diante dos seus acusadores (At 7.1-53), faz igualmente uso das sagradas Escrituras, citando textos de Gênesis, Êxodo, Levítico, Deuteronômio, Salmos, Josué, Isaías, Jeremias, Amós, Neemias, 1 e 2 Samuel, 1 Reis, 1 e 2 Crônicas e Ezequiel.

Toda pregação genuinamente pentecostal não se fundamenta em sonhos, visões ou revelações, se fundamenta na Palavra. Quando sonhos, visões ou revelações são citados, devem ser analisados à luz das Escrituras.

PREGAÇÃO PENTECOSTAL NÃO É RESULTADO DA DISTORÇÃO OU DA MÁ INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SAGRADO

A pregação pentecostal precisa ser fiel ao texto bíblico. Para isso, precisa-se aplicar à interpretação bíblica o método histórico-gramatical, que considera o significado do texto para o escritor e seus destinatários originais. Filipe, o diácono evangelista, foi um grande exemplo de fidelidade à interpretação bíblica:

"Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi. Eis que um etíope, eunuco, alto oficial de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todo o seu tesouro, que viera adorar em Jerusalém, estava de volta e, assentado no seu carro, vinha lendo o profeta Isaías. Então, disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o. Correndo Filipe, ouviu-o ler o profeta Isaías e perguntou: Compreendes o que vens lendo? Ele respondeu: Como poderei entender, se alguém não me explicar? E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele. Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foi levado como ovelha ao matadouro; e, como um cordeiro mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abriu a boca. Na sua humilhação, lhe negaram justiça; quem lhe poderá descrever a geração? Porque da terra a sua vida é tirada. Então, o eunuco disse a Filipe: Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro? Então, Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus." (At 8.26-35)

Distorcer ou interpretar de forma equivocada as Escrituras é um ato irresponsável e inaceitável para um pregador pentecostal. Com o propósito de agradar e de manipular as massas, muitos absurdos estão sendo ditos e pregados em nossos púlpitos, sob a alegação de estar sendo pregada a genuína mensagem de Deus.

Um caso típico é a exposição do Salmo 68.4.

Ao tentar falar da possibilidade da “ação imediata de Deus”, alguns pregadores utilizam geralmente a seguinte expressão: “A Bíblia diz que o seu nome é Já”.

A Bíblia diz isto? Em qual texto?

O fato é que o Salmo 68.4 (e outros textos), nas versões mais antigas da Bíblia foi traduzido da seguinte forma:

“…pois o seu nome é JÁ”.

Observe que nas traduções mais antigas o termo foi traduzido com as duas letras (J e A) na forma maiúscula.

JÁ é uma forma contraída de Yahweh (um dos nomes de Deus no hebraico). O termo ocorre muitas vezes no Velho Testamento. Esta forma contraída entra na composição de diversos nomes próprios bíblicos, e na formação da palavra Aleluia, que significa “louvado seja Yah” (Sl 150.1,6).

Nas versões mais recentes a tradução JÁ, JÁH ou YAH foi trocada por “SENHOR” (ARA) e “JEOVÁ” (ARC);

“Cantai a Deus, salmodiai o seu nome; exaltai o que cavalga sobre as nuvens. SENHOR é o seu nome, exultai diante dele.” (Sl 68.4, ARA)

“Cantai a Deus, cantai louvores ao seu nome; louvai aquele que vai sobre os céus, pois o seu nome é JEOVÁ; exultai diante dele.” (Sl 68.4, ARC)

Deus faz as coisas “Já” se quiser? É claro que sim, mas, não é isto que os textos onde aparece a contração “JÁ”, “JÁH” ou “YAH” significa.

Este é um, de tantos outros exemplos que poderíamos citar.

PREGAÇÃO PENTECOSTAL É SIMPLES E PODEROSA

O propósito da pregação é comunicar a verdade de Deus. Comunicação só acontece quando a mensagem emitida é recebida e compreendida pelo receptor. Todos os grandes pregadores pentecostais, por mais cultos e inteligentes que foram, falaram com simplicidade, clareza e poder para os seus ouvintes. Sobre isso escreveu Paulo:

"Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. " (1 Co 2.1-5)

Apesar de seu vasto conhecimento teológico, o apóstolo Paulo não se preocupava em demonstrar erudição, intelectualismo ou qualquer outra qualidade acadêmica. Seu interesse estava em pregar com simplicidade, clareza e poder a palavra de Deus.

É lamentável ver nos dias atuais, em decorrência de algum nível de formação acadêmica por parte de pregadores, muitas pregações se transformando em meras exposições intelectuais. Pura verborréia acadêmica e teológica, destituídas de graça e poder do Espírito.
A pregação pentecostal deve ser simples e poderosa, clara e profunda. Trata-se aqui de um poder e de uma profundidade que alcançam o intelecto, tocam as emoções e direcionam a vontade humana.

PREGADORES PENTECOSTAIS NÃO BUSCAM A PRÓPRIA GLÓRIA

Em plena sociedade do espetáculo, influenciados por uma cultura narcísica, muitos pregadores buscam ansiosamente pela glória do púlpito.

Os referenciais bíblicos são mais uma vez necessários, para que toda uma geração de novos pregadores possa retornar à palavra, tendo-a como modelo e referência para o ministério da pregação.

Observemos o exemplo de Pedro:

"No dia imediato, entrou em Cesaréia. Cornélio estava esperando por eles, tendo reunido seus parentes e amigos íntimos. Aconteceu que, indo Pedro a entrar, lhe saiu Cornélio ao encontro e, prostrando-se-lhe aos pés, o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem." (At 10.24-26)

Pedro, o primeiro a pregar após o derramar do Espírito em Pentecostes, com um ministério marcado por curas e libertações, ao ser recebido pelo centurião Cornélio, foi adorado pelo mesmo, mas não alimentou tal atitude, pelo contrário, ordenou que se levantasse, pois era homem tanto quanto ele, falho imperfeito e limitado. Pedro entendia que era a graça de Jesus que operava por sua vida. Hoje, ao contrário de Pedro, muitos pregadores buscam adoradores para si mesmos.

Paulo não fica atrás em termos de exemplo:

"Em Listra, costumava estar assentado certo homem aleijado, paralítico desde o seu nascimento, o qual jamais pudera andar. Esse homem ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos e vendo que possuía fé para ser curado, disse-lhe em alta voz: Apruma-te direito sobre os pés! Ele saltou e andava. Quando as multidões viram o que Paulo fizera, gritaram em língua licaônica, dizendo: Os deuses, em forma de homens, baixaram até nós. A Barnabé chamavam Júpiter, e a Paulo, Mercúrio, porque era este o principal portador da palavra. O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para junto das portas touros e grinaldas, queria sacrificar juntamente com as multidões. Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando: Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles; o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria. Dizendo isto, foi ainda com dificuldade que impediram as multidões de lhes oferecerem sacrifícios." (At 14.8-18)

Assim como nos dias de Paulo, multidões diariamente desejam "sacrificar" aos pregadores da atualidade. A mentalidade idólatra é a mesma. O pior é que muitos aceitam e promovem o sacrifício a si mesmos. Em vez de impedir as multidões, incentivam as mesmas. Quanto mais idolatrados, mas gostam, mas querem, mais desejam.

Que os pregadores pentecostais da atualidade possam aprender com os grandes exemplos de Pedro e Paulo.

PREGADORES PENTECOSTAIS NÃO MANIPULAM A CONVERSÃO DE VIDAS

É provável que em algum momento de sua vida, ou você testemunhou, ou foi vítima de um pregador manipulador.

Pregadores manipuladores entendem, que a "confirmação" da autenticidade e da espiritualidade da mensagem que pregam depende exclusivamente dos resultados imediatos. Dessa forma, fazem de tudo, usam de todos os artifícios possíveis para que vidas venham à frente diante do seu apelo. Eu mesmo já vi muita coisa desse tipo. Como exemplo, posso citar casos onde o pregador mandou que os visitantes ficassem de pé, dirigindo a palavra para eles, para em seguida tentar de forma clara constrangê-los a vir à frente. Em alguns casos, já vi pregador orientar para que os irmãos arrastassem pelos braços os não crentes.

Pregadores pentecostais precisam entender, que os resultados de uma pregação genuinamente pentecostal nem sempre são imediatos. Há muitas vidas que não aceitam o apelo do pregador, mas levam consigo a mensagem no coração, para futuramente se converterem ao Evangelho de Jesus. O pregador só precisa ter a consciência que orou, estudou a Palavra e colocou a mensagem sob a direção do Espírito.

Quando lemos nas Escrituras o registro da primeira pregação pentecostal, encontramos lá o seguinte trecho:

"Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar. Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas." (At 2.36-41)

Extraímos do texto acima as seguintes lições:

- Pregadores pentecostais não pregam o que as pessoas gostariam de ouvir. Pregam o que elas precisam ouvir, possibilitando dessa forma, que tomem consciência da sua condição de pecadores;

- Pregadores pentecostais não pregam apenas às emoções de seus ouvintes. Pregam também à sua vontade e intelecto;

- Pregadores pentecostais simplesmente pregam. A palavra deve ser aceita pelos ouvintes, e não imposta aos ouvintes.

Preguemos dessa forma, e deixemos que o Espírito Santo trabalhe no coração dos nossos ouvintes.

PREGADORES PENTECOSTAIS NÃO TENTAM MANIPULAR O PODER E O MOVER DO ESPÍRITO

A manipulação do poder do Espírito é algo impossível de ser realizado. Os homens podem ser manipulados, mas o Espírito nunca. Com o objetivo de demonstrar poder e autoridade espiritual, alguns pregadores usam e abusam das mais estranhas práticas, fazem e falam as mais absurdas bobagens. Pulam, gritam, choram, riem, deitam, correm, afirmam estar vendo anjos e fogo, profetizam, agonizam, tudo isso para tentar impressionar o público, que quando ingênuo, acaba acreditando no que falam, e fica admirado com o que observa.

Não estou afirmando que o pregador deve ser uma máquina no púlpito, que não pode expressar suas emoções e sentimentos. Falo, é dos exageros, das pseudas demonstrações de poder. Um exemplo de pregação poderosa pode ser vista em Atos 10.44-46:

"E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus. "

Pregadores pentecostais não precisam tentar manipular o poder do Espírito. Só precisam pregar no poder do Espírito.

PREGADORES PENTECOSTAIS NÃO PREGAM APENAS PARA MULTIDÕES

Na sociedade do espetáculo, quanto maior o público, melhor. Pregadores genuinamente pentecostais pregam para cem mil ouvintes, e com a mesma motivação pregam para apenas um ouvinte.

O diácono e evangelista Filipe foi um pregador pentecostal que atraiu multidões:

"Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a Cristo. As multidões atendiam, unânimes, às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava. Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados. E houve grande alegria naquela cidade." (At 8.5-8)

Na hora que precisou deixar as multidões, para na direção do Senhor pregar a um só homem, Filipe não esitou e nem desanimou. Cumpriu com humildade e excelência a tarefa que lhe foi dada:

"Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi. Eis que um etíope, eunuco, alto oficial de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todo o seu tesouro, que viera adorar em Jerusalém, estava de volta e, assentado no seu carro, vinha lendo o profeta Isaías. Então, disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o. Correndo Filipe, ouviu-o ler o profeta Isaías e perguntou: Compreendes o que vens lendo? Ele respondeu: Como poderei entender, se alguém não me explicar? E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto a ele. Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foi levado como ovelha ao matadouro; e, como um cordeiro mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abriu a boca. Na sua humilhação, lhe negaram justiça; quem lhe poderá descrever a geração? Porque da terra a sua vida é tirada. Então, o eunuco disse a Filipe: Peço-te que me expliques a quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro? Então, Filipe explicou; e, começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus. Seguindo eles caminho fora, chegando a certo lugar onde havia água, disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que seja eu batizado? {Filipe respondeu: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.} Então, mandou parar o carro, ambos desceram à água, e Filipe batizou o eunuco." (At 8.26-38)

Pregadores pentecostais podem até atrair multidões, mas não se apegam à elas.

Que o Senhor, neste início de século, levante muitos pregadores genuinamente pentecostais para uma grande semeadura, e para uma maravilhosa colheita em todo o mundo!


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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

"TEÓLOGOS" DISCUTEM AS CAUSAS DA TRAGÉDIA NO RIO

Por Hermes C. Fernandes

Uma reunião emergencial é convocada pelo conselho de teólogos da cidade. Teólogos de diversas correntes se reunem para debater as causas espirituais da tragédia que atingiu a região serrana do Rio, provocando a morte de centenas de pessoas. Um deles toma a palavra e afirma com convicção:


- Meu caros colegas, a razão pela qual sobreveio tão grande mal sobre elas é que estas cidades foram fundadas por um imperador promíscuo. Só há uma maneira de quebrar esta maldição: façamos um ato profético de troca de nome e refundação de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo. Sugiro que passem a chamar-se respectivamente, Igrejópolis, Cristópolis e Nova Jerusalém, e que sobrevoemos cada uma delas derramando vasos de unção vinda de Israel.


Percebendo o clima de rejeição provocado por sua proposta, o tal teólogo preferiu pedir licença e deixar a conferência, levando consigo uns três ou quatro companheiros.


Depois de alguns murmurinhos, outro teólogo se levanta e com voz impostada diz:


- Senhores, tudo isso é apenas prenúncio do fim do mundo. Nada há que possamos fazer para reverter isso. As coisas vão ficar cada vez pior, até que Jesus volte para nos remover deste mundo e entregá-lo de vez ao diabo.


Sua palavra foi interrompida por aplausos. Esta parecia a melhor resposta a ser dada para tentar explicar a situação, e com isso, impedir que sua cátedra fosse desacreditada.


Fazendo sinal de silêncio, outro teólogo toma a palavra e afirma como que sussurrando:


- Meus nobres companheiros, Deus não tem nada a ver com isso. Ele está tão surpreendido com a tragédia quanto cada um de nós. Ele até poderia ter evitado se tão somente tivesse conhecimento prévio dela. Mas vocês sabem… Ele só conhece o que se pode conhecer. O futuro lhe é um incógnita. Por isso, não o responsabilizemos por isso.


Seu discurso foi interrompido por outro teólogo, que vociferava:


- Quanta bobagem! Deus é Soberano! Ele mesmo provocou tudo isso! E quem somos nós para discutir sobre Seus desígnios! Estas cidades estão sob o juízo divino. Assim como todo o Estado do Rio de Janeiro, com sua prostituição infantil, seus carnavais, suas oferendas a Iemanjá e sua corrupção política e policial.


O clima esquentou na reunião. Ninguém conseguia entender o que o outro dizia. Uns gritavam: É o fim do mundo! O outro: Jesus está voltando!


De repente, entra na sala outro teólogo com sua roupa imunda de lama. Todos se calam pra saber o que se passou e qual a posição daquele colega atrasado.


Com a voz rouca e embargada, o teólogo se desculpa:


- Queridos, perdoem-me o atraso. É que eu estava ajudando a socorrer as vítimas. Não tive tempo nem de banhar-me para a reunião.


- E qual sua posição acerca desta tragédia? perguntou o que presidia a mesa.


Pelo que respondeu:


- Nada tenho a declarar.


Depois de alguns segundos de silêncio, ele completou:


- Estou liberado? Posso retornar ao meu trabalho?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

APRENDENDO COM AS TRÊS ÁRVORES.

Havia, no alto da montanha, três pequenas árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes.
A primeira, olhando as estrelas, disse: Eu quero ser baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros. Para tal, até me disponho a ser cortada.


A segunda olhou para o riacho e suspirou: Eu quero ser um grande navio para transportar reis e rainhas. A terceira árvore olhou o vale e disse: Quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto, que as pessoas, ao olharem para mim, levantem seus olhos e pensem em Deus.

Muitos anos se passaram e certo dia vieram três lenhadores pouco ecológicos e cortaram as três árvores, todas ansiosas em serem transformadas naquilo que sonhavam. Mas lenhadores não costumam ouvir e nem entender sonhos... Que pena!

A primeira árvore acabou sendo transformada num coxo de animais, coberto de feno. A segunda virou um simples e pequeno barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias. E a terceira, mesmo sonhando em ficar no alto da montanha, acabou cortada em grossas vigas e colocada de lado num depósito. E todas as três se perguntavam desiludidas e tristes:"Para que isso?"

Mas, numa certa noite, cheia de luz e de estrelas, onde havia mil melodias ao ar, uma jovem mulher colocou seu neném nascido naquele coxo de animais. E de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo...

A segunda árvore, anos mais tarde, acabou transportando um homem que acabou dormindo no barco, mas quando a tempestade quase afundou o pequeno barco, o homem levantou e disse ao mar revolto: "Sossegai". E num relance, a segunda árvore entendeu que estava carregando o Rei dos Céus e da Terra.

Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela, pois fora condenado à morte mesmo sendo inocente. Logo, sentiu-se horrível e cruel, mas no Domingo, o mundo vibrou de alegria e a terceira árvore entendeu que nela havia sido pregado um homem para salvação da humanidade, e que as pessoas sempre se lembrariam de Deus e de Seu Filho Jesus Cristo ao olharem para ela.

As árvores tinham sonhos, mas as suas realizações foram mil vezes melhores e mais sábias do que haviam imaginado.

Todos nós temos nossos sonhos, nossos planos e por vezes, eles não coincidem com os planos que Deus tem para nós. E quase sempre somos surpreendidos com a sua generosidade e misericórdia. Por isso, é importante compreendermos que tudo vem de Deus e crermos que podemos esperar Nele, pois Ele, como um Pai amoroso, sabe o que é melhor, para cada um de nós.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O PAPEL DA IGREJA NA EDUCAÇÃO CRISTÃ


A missão da igreja deve ser levada a cabo principalmente através do processo da educação cristã, porque devemos “ir e ensinar”. Portanto, a verdadeira natureza da educação cristã é obviamente missionária, pois devemos “ensinar todas as nações”. O conteúdo dessa missão, então, reside no próprio Cristo, pois “batizar as pessoas” indica a garantia da total submissão a Ele como Salvador e Senhor. Mas a missão não acaba aí. A frase “ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” convoca a um processo vitalício de crescimento no discipulado e na ação cristã. É mais do que simplesmente “recrutar” essas pessoas! E como o apóstolo Paulo, todo discípulo encontra-se continuamente “prosseguindo para o alvo” (Fp 3:14).
Se a igreja deve, então, ser tudo o que Cristo a chamou para ser, nós não podemos fugir do papel de ensinar. Esse papel não é unicamente satisfeito pela liderança da igreja, mas é a responsabilidade e o privilégio de cada membro dela. A igreja de Jesus Cristo é uma igreja que ensina!

A Educação Cristã faz parte do comissionamento de Jesus Cristo, o Mestre por excelência e detentor de toda a autoridade que lhe foi dada no céu e na terra. Ele disse: ”Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado.” (Mt 28.19-20). A ordem de Jesus compreende o anúncio das boas novas de salvação, a confirmação da aceitação da salvação pelo batismo, e o desenvolvimento da salvação através do ensino.
A Educação Cristã precisa ser parte da vida das famílias e da Igreja, e acontecer de maneira natural quando ministrada informalmente, e de forma criativa, interessante e motivadora quando direcionada para o alcance de um objetivo específico.

A Educação Cristã através da Igreja pode:

ALCANÇAR – A Educação Cristã é o instrumento que cada igreja possui para alcançar todos os grupos etários. (A audiência do culto à noite, além de ser heterogênea, não tem oportunidade de refletir, questionar e interiorizar o conteúdo recebido).

CONQUISTAR – Muitos são alcançados pelo evangelho, mas não permanecem em razão de não serem conquistados. A conquista acontece através do testemunho e da exposição da Palavra. Jesus afirmou: “serão todos ensinados por Deus...todo aquele que do pai ouviu e aprendeu vem a mim” (Jo 6.45). A conversão é perene quando acontece através do ensino.

ENSINAR – Estamos realmente ensinando aqueles que temos conquistado? Há quem diga que o ensino metódico e sistemático é contrário à espiritualidade. Isto não é verdade!

“O ensino das doutrinas e verdades eternas da Bíblia, na Igreja deve ser pedagógico e metódico como numa escola, sem, contudo, deixar de ser profundamente espiritual”.

Isto significa que devemos ensinar a Palavra de Deus com seriedade e esmero, apropriando-nos dos mais eficazes recursos educacionais que estejam à nossa disposição: “...se é ensinar haja dedicação ao ensino” (Rm 12.7b).

O que é esmero? Significa integralidade de tempo no ministério: estar com a mente, o coração e a vida inteira nesse ministério. Ser professor é diferente de ocupar o cargo de professor. “Educação não é profissão, é vocação”.

“Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3.1). (...) “vós sois a nossa glória e gozo” (1 Ts 2.20).

TREINAR – Devemos treinar nossos alunos, para que instruam a outros.

Por: Marcos Tuler

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

2011 – ANO DA CRUZ DE CRISTO!

“Jesus bradou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” Lc 23.46
Prezados leitores [as], a cada dia vemos o evangelho se transformando num produto, a igreja em um mercado, o púlpito em um balcão e os crentes em consumidores das bênçãos de Deus. Vemos com muita tristeza o empobrecimento dos púlpitos. Pregadores discursam seus sermões centrados no antropocentrismo e na autoajuda.
A cada entrada de ano, algumas igrejas estabelecem qual ano será: o ano de José, o ano de Abraão, ano de Samuel, ano de Gideão etc. Eu me pergunto: Quando teremos o ano da cruz de Cristo? Quando teremos o ano da pregação pura, bíblica e cristocêntrica? Quando teremos o ano do verdadeiro evangelho? Quando teremos o ano da volta às Escrituras? São perguntas que parecem simples, mas que deveria causar em nós verdadeiro arrependimento e quebrantamento.
Voltando ao texto de Lucas 23.46, percebemos algo profundo. Nenhum dos 4 evangelistas disse que Jesus “morreu”. Eles parecem ter deliberadamente evitada a palavra. Não querem dar a impressão de que no fim a morte o reclamou e Ele teve de se render à sua autoridade. A morte não o reclamou como sua vítima; Ele a capturou como vencedor sobre ela.
Os evangelistas usam entre si quatro expressões diferentes, cada uma delas colocando a iniciativa no processo da morte de Jesus em suas próprias mãos. Marcos diz que ele “com um alto brado, expirou” (Mc 15.37) e Mateus afirma que ele “entregou o espírito” (Mt 27.50), enquanto Lucas registra suas palavras: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46). Todavia, a expressão de João, no entanto, é o mais contundente, a saber, que Ele “curvou a cabeça e entregou o espírito” (Jo 19.30). O verbo usado aqui no original é paradidomi, que foi usado por Barrabás, pelos sacerdotes, por Pilatos e pelos soldados que “entregaram” Jesus.
Agora João o coloca nos lábios do próprio Jesus, que entrega o espírito ao Pai e o corpo à morte. Notemos que antes de fazer isso ele “curvou a cabeça”. Não que Ele tenha primeiro morrido e então sua cabeça tenha caído sobre o seu peito. Foi o contrário. O curvar a cabeça foi seu último ato de entrega à vontade do Pai. Assim, em palavra e em obra (ao curvar a cabeça e ao declarar que estava entregando o espírito), Jesus afirmou que a sua morte foi um ato voluntário seu.
Jesus poderia ter escapado da morte no último minuto. Como disse no jardim, Ele poderia ter convocado mais de doze legiões de anjos para resgatá-lo. Poderia ter descido da cruz, como os que dele zombavam o desafiaram a fazer. Mas Ele não fez isso. Por sua livre e espontânea vontade Ele se entregou à morte. Foi Ele quem determinou a hora, o lugar e o modo de sua partida.
As duas últimas palavras da cruz (“está consumado” e “entrego o meu espírito”) proclamam Jesus como vencedor sobre o pecado e a morte. Devemos vir humildemente à cruz, merecendo nada a não ser o juízo, implorando por nada a não ser a misericórdia, e Cristo nos libertará do pecado e do pavor da morte.
Nele, o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo

Pr Marcelo Oliveira

P.s>>> Lançei a campanha no twitter: #AnodaCruzdeCristo. Divulgue em sua timeline. O meu endereço é @Davarelohim. Juntos pelo evangelho bíblico!
Bibliografia: Stott, John. A Bíblia Toda, Ano Todo. Ed. Ultimato 2007