sexta-feira, 19 de novembro de 2010

19 DE NOVEMBRO DE 2010: 100 ANOS DA CHEGADA DE GUNNAR VINGREN E DANIEL BERG AO BRASIL



"Em 19 de novembro de 1910, os suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, batizados no Espírito Santo, chegaram, pelo navio 'Clement', a Belém do Pará, procedentes dos Estados Unidos da América. Depois que alguns brasileiros subiram no navio, ouviram o idioma português – aquele mesmo idioma que o Espírito Santo tinha levado Adolfo Ulldin a pronunciar durante uma reunião de oração nos EUA em que Gunnar Vingren recebera a chamada de Deus para ir ao Pará. Não compreenderam nada, e sentiram certo temor em seus corações. Mas este sentimento desapareceu bem depressa e outra vez se sentiram bem tranqüilos e seguros nas mãos de Deus. Quando desembarcaram, não havia ninguém para recebê-los, mas acompanharam as pessoas que iam para a cidade e confiaram que Deus iria guiá-los. Passaram por um restaurante e, como estavam com fome, entraram e comeram uma autêntica comida brasileira. Depois eles seguiram seu caminho. Em todo o tempo esperavam que Deus os guiasse. Chegaram a um parque e se sentaram em um banco. Oraram a Deus, pedindo a sua ajuda e direção. Aí encontraram uma família que também tinha viajado no mesmo navio. Eles falavam inglês e lhes perguntaram se haviam encontrado algum hotel. Ao ouvirem que não, os convidaram para ir ao hotel onde estavam. Aceitaram. Ali encontraram outras pessoas que falavam inglês e lhes perguntaram se conheciam algum protestante naquela cidade. Disseram que sim, mas não sabiam a residência de nenhum. No dia seguinte, os apresentaram a outra pessoa que também falava inglês e que tinha uma revista em português editada por um pastor metodista. Procuraram na revista o endereço desse pastor, mas não o encontraram. Saíram depois para ver se podiam achar esse pastor, mesmo sem ter a mínima idéia de onde seria a sua casa. Depois de caminhar um pouco, alguém os orientou até o local onde havia um bonde, e embarcaram nele. Não sabiam quando deveriam descer, mas sempre confiavam na direção de Deus. Depois de viajar um pouco, viram o mesmo homem que os tinha mostrado a linha do bonde. Estava em pé numa esquina e acenava para eles, chamando-os. Ele tinha vindo em outro bonde até ali e havia chegado primeiro que Vingren e Berg. Sabia que eram estrangeiros e estavam precisando de ajuda. Saltaram do bonde e aquele homem os guiou até a casa do pastor metodista, Justus Nelson, que era americano. Após ficar sabendo que eram batistas, Justus os acompanhou até a Igreja Batista de Belém, cujo pastor na época era Jerônimo Teixeira de Souza1 e que também falava inglês. Conversaram um pouco e em seguida perguntaram ao pastor Jerônimo se ele não sabia de um lugar onde pudessem morar e pagar menos, porque no hotel estavam pagando 16 mil réis (cerca de 4 dólares por dia). Ele então os convidou para morar na sua casa por 2 dólares diários. Não podiam se orgulhar muito da nova moradia. Era um corredor bem escuro no porão, o chão de cimento grosso e sem nenhuma janela. Ali colocaram duas camas para eles. Naquele calor tropical, tudo era quentíssimo e insuportável. Principalmente naquele porão. Os mosquitos zumbiam monotonamente e as lagartixas corriam nas paredes para cima e para baixo. Apesar de tudo, Vingren e Berg sentiam-se entusiasmados e felizes. A notícia de que novos missionários haviam chegado dos Estados Unidos ecoou rapidamente nas quatro igrejas protestantes da cidade. Agora eram levados de uma igreja para a outra, e todos estavam interessados em ver e ouvir os recém-chegados. Quando lhes pediram para cantar em inglês, entoaram o hino 'Jesus Christ Is Made to Me, All I need' (Jesus Cristo é tudo para mim, tudo o que necessito).

Cantaram o hino em duas vozes. Então o poder de Deus caiu sobre eles. Todos ficaram tão maravilhados e acharam tão bonito, que muitos anos depois ainda falavam desse hino. Alguns dias depois perceberam que especialmente três crentes tinham se interessado por eles, e para estes testificaram sobre o batismo no Espírito Santo. Dois deles foram batizados mais tarde. Souberam depois que antes da chegada deles ao Brasil, os diáconos da Igreja Batista se haviam reunido todos os sábados durante bastante tempo para orar, pedindo a Deus que Ele enviasse novos missionários ao Brasil. Quando Vingren e Berg chegaram, eles disseram: 'Chegaram aqueles por quem estávamos orando'. Um mês após a chegada de Vingren e Berg ao Pará, um desses crentes, chamado Adriano Nobre*, membro da Igreja Presbiteriana e primo de Raimundo Nobre, evangelista da Igreja Batista, os convidou para acompanhá-lo numa viagem à casa de seus pais, num local onde trabalhavam com borracha, situado três dias de viagem de Belém. Aceitaram o convite. Adriano também falava inglês e pôde ensinar-lhes o português. Ao chegarem ao povoado chamado Boca do Ipixuna, no rio Tajapuru, onde moravam os parentes de Adriano Nobre, realizaram pequenas reuniões de oração e cantaram em português da melhor maneira possível. A permanência deles ali durou um mês e meio. Depois voltaram para Belém. Com muito esforço começaram a estudar a língua. Procuraram também manter muitos contatos com os crentes e a participar dos cultos na Igreja Batista. Por não terem dinheiro para pagar as aulas, Daniel procurou emprego e conseguiu uma vaga numa fundição. Ali ele passou a trabalhar de dia, enquanto Vingren estudava o idioma. À noite Vingren ensinava a Berg o que aprendera durante o dia. Foi dessa forma que eles aprenderem o português. Passado algum tempo, Berg começou a dedicar-se ao trabalho de colportagem. Quando Vingren e Berg retornaram à capital nos primeiros dias de fevereiro de 1911, a Igreja Batista de Belém estava sem pastor, pois Jerônimo Teixeira havia deixado o pastorado na primeira sessão de janeiro de 19112. Desta data até 3 de março de 1911 a igreja ficou sob a responsabilidade do Moderador José Batista de Carvalho, e foi substituído pelo diácono José Plácido da Costa*. Gunnar escreveu, no seu livro O Diário do Pioneiro, que os batistas esperavam que quando ele aprendesse o português se tornaria o pastor deles. Porém, em nenhuma ocasião em que lhes foi permitido falar à igreja, esconderam a chama pentecostal que Deus havia acendido em seus corações3. Vingren e Berg vieram ao Brasil pregar a mensagem pentecostal. Eles não tinham intenção de abrir nenhuma nova igreja. O Moderador José Plácido da Costa, era homem de bom nível espiritual, alheio a contendas e de boa atuação evangelística, foi um dos primeiros a aceitar a doutrina pentecostal. O secretário da igreja era Manoel Maria Rodrigues* e o tesoureiro, José Batista de Carvalho. Esses também não escondiam suas simpatias pela nova doutrina pregada por Vingren e Berg".

PR. CÉSAR MOÍSES

Nenhum comentário:

Postar um comentário