segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A CONFISSÃO POSITIVA Á LUZ DA BÍBLIA ( 1 )




A genuína fé cristã deve estar fundamentada na Bíblia Sagrada. Caso contrário, o corpo de Cristo sofrerá sérios transtornos. Quanto a este assunto, não podemos deixar de mencionar o brilhante exemplo dos bereanos, registrado em Atos 17:11-13. Quando o apóstolo Paulo chegou à cidade de Beréia, dirigiu-se à sinagoga dos judeus. A Escritura diz que "estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica, pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as cousas eram de fato assim". E com essa atitude que queremos agora avaliar este movimento à luz da Bíblia, pois nenhuma experiência, seja sonho, visão ou qualquer outra coisa, pode estar acima da autoridade das Escrituras. Tal foi o brado da Reforma protestante através de Martinho Lutero: sola Scriptura (somente a Escritura).

Uma das afirmações mais contundentes desta corrente é que o cristão deve ser próspero financeiramente e sempre ser livre de qualquer enfermidade. Quando isto não acontece, é porque ele deve estar vivendo em pecado ou porque não tem fé. Vejamos se al posição tem apoio na Bíblia.
Que a fé é importante ninguém discute. A Bíblia diz em Hebreus 11:1, 6: "Ora, a fé é a certeza de cousas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam". No movimento da fé, entretanto, a obsessão em relação à fé é tamanha que até a simples comunicação de um problema deve ser reprimida. Em muitos destes círculos, mesmo em reuniões de oração, evita-se pedir oração por alguém que esteja enfermo, pois não se pode confessar ou admitir qualquer coisa negativa.
Para reforçar seus argumentos, citam Provérbios 18:21, que diz: "A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto". Crêem que, se algo negativo for declarado, isto se concretizará, resultando numa espécie de automaldição, uma expressão também cunhada pelos seus pregadores.

A Bíblia fala de pessoas que, num momento de dificuldade, acabaram externando suas angústias e tristezas, sem com isto tornar em realidade o mal que confessaram. Veja o exemplo de Jacó em Gênesis 42:36, quando seus filhos voltam do Egito, onde tinham ido comprar comida. José, que não foi reconhecido por seus irmãos, exige que na próxima viagem tragam Benjamim, provocando desta forma a seguinte reação de Jacó: "Então lhes disse Jacó, seu pai: Tendes-me privado de filhos: José já não existe, Simeão não está aqui, e ides levar a Benjamim! Todas estas cousas me sobrevêm".
Era natural que Jacó se sentisse assim. Depois de tantos anos sem ver seu filho José, induzido por seus filhos a pensar que ele tinha sido devorado por uma fera, e após ter perdido a esposa Raquel quando nasceu Benjamim, sua vida passa a ser marcada pelo sofrimento. O fato de ele confessar no versículo 36 que "José já não existe" não provocou a morte de José no Egito, não constituindo, portanto, em maldição.

Vejamos também algo semelhante na vida de Davi. Perseguido tenazmente por Saul, que procurava por todos os meios assassiná-lo, Davi foi procurar refúgio junto a Aquis, rei de Gate (1 Samuel 27:2). Em meio ao seu desespero, tornou-se extremamente negativo: "Disse, porém, Davi consigo mesmo: Pode ser que algum dia venha eu a perecer nas mãos de Saul" (1 Samuel 27:1). Apesar de sua atitude negativa, Davi não pereceu e nem poderia perecer pela mão de Saul. Deus o havia escolhido, através de Samuel, para ser rei de Israel. Se ele morresse, a palavra de Deus não se cumpriria.
Os três jovens na fornalha ardente de Nabucodonosor também servem como exemplo de que nem sempre uma declaração negativa se transforma numa automaldição. Quando indagados pelo rei sobre quem era o Deus que poderia livrá-los de suas mãos, responderam: "O Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder. Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste'' (Daniel 3:16-18).
Houve duas declarações nesta passagem. A primeira, positiva, quando os três jovens afirmaram que Deus poderia livrá-los, e a segunda, negativa, quando admitiram que, ainda que Deus não os livrasse, não se curvariam diante da estátua do rei. Apesar de terem feito uma confissão negativa, eles não foram consumidos pelo fogo da fornalha, mas salvos por uma intervenção sobrenatural de Deus. E novamente a automaldição não se cumpriu.
Não podemos deixar de mencionar o encontro que Jesus teve com o pai de um jovem que possuía um espírito mudo. Depois de lhe ouvir a súplica para que curasse seu filho, Jesus disse-lhe: "Se podes! tudo é possível ao que crê". Ao que respondeu com lágrimas o pai do menino: "Eu creio, ajuda-me na minha falta de fé" (Marcos 9:17-27).

Novamente temos, nesta narrativa de Marcos, duas confissões: uma positiva e outra negativa. Primeiro, o pai do rapaz diz que crê, mas logo depois admite sua dificuldade em crer e roga a ajuda do Senhor. O Senhor Jesus de maneira alguma o rejeitou e nem deixou de atendê-lo por causa de sua confissão negativa, antes, operou um grande milagre, libertando totalmente o rapaz para a alegria daquele pai.
O apóstolo Paulo nem sempre pensava positivamente. Chegou a afirmar, certa vez, que era o principal dos pecadores (1 Timóteo 1:15). Há vários outros exemplos na Bíblia que demonstram que a operação de Deus não depende dos méritos de seus filhos. Se Deus fosse depender de nossas fórmulas corretas e palavras precisas para operar, ele não operaria mais. Deus é soberano e sobre sua soberania, dentro da confissão positiva, trataremos adiante.

LOGOS&RHEMA

Há dois termos na língua grega para o vocábulo ''palavra": logos e rhema. Os pregadores da confissão positiva estão sempre fazendo um grande alarde sobre uma suposta distinção entre estas duas palavras. Entretanto, há pouca diferença entre estes dois termos no grego original. Seria como "enorme" e "imenso" no português. Michael Horton esclarece:
Os ensinadores da fé inventavam uma falsa distinção de significado entre essas duas palavras gregas. Rhema, dizem eles, é a ''palavra'' que os crentes usam para “decretar” ou "declarar" a fim de trazer prosperidade ou cura para esta dimensão. É o "abracadabra". Depois vem logos, ou "a palavra de revelação" que é a palavra mística, direta, que Deus fala aos iniciados. O termo pode-se referir também à Bíblia, mas é geralmente empregado no contexto de sonhos, visões e comunicações particulares entre Deus e seu "agente". Assim, quando alguém lê uma referência na literatura do pregador da fé à "Palavra de Deus", ou "agir sobre a Palavra" e outras, o autor não está mais se referindo à Palavra de Deus escrita, a Bíblia, mas, sim, ao seu próprio "decreto" (rhema) ou uma palavra pessoal de Deus para ele (logos).21
Conversando no início de 1991 com o Dr. Russell Shedd (uma das maiores autoridades em Novo Testamento, do Brasil) sobre este assunto, ele comentou que o apóstolo Pedro não fez distinção entre estes dois termos quando escreveu 1 Pedro 1:23-25:
v. 23: pois fostes regenerados, não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra (logos) de Deus, a qual vive e é permanente. v. 24: Pois toda a carne é como a erva, e toda a sua glória como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; v. 25: a palavra (rhema) do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra (rhema) que vos foi evangelizada.
Esta passagem é uma citação de Isaías 40:6-8. Na Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, o termo grego para "palavra", no versículo 8, é (rhema), ficando assim confirmada a despreocupação de Pedro em usar tanto um termo quanto o outro como sinônimos.

FONTE: EXRAÍDO DO LIVRO SUPERCRENTES

Diác. Janailson Sales

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